Assessoria de imprensa para livros
Para informar ao mundo que o livro existe | Série Como se faz um livro
Quando um livro fica pronto, é preciso divulgar aos quatro ventos que ele existe para que o povo queira comprar. Nas grandes editoras, os departamentos de imprensa, marketing e comercial trabalham juntos nesta empreitada.
Mas como é o trabalho do assessor de imprensa em um mundo em que a informação está fragmentada e pulverizada, onde os suplementos literários de jornais e revistas foram extintos e qualquer pessoa pode expor sua opinião sobre livros nas redes sociais?
Oasys Cultural convidou Rafael Sento-Sé, gerente de imprensa do Grupo Editorial Record, para explicar como dá conta desse desafio, multiplicado pelos quase dez selos do grupo editorial, entre eles, a lendária Editora José Olympio, dedicada a publicar clássicos brasileiros, até a Galera Record, detentora dos direitos de publicação da atual maior vendedora de livros do mundo, a norte-americana Colleen Hoover. Vamos ler o que o Rafael tem a dizer.
Como é fazer “assessoria de imprensa” em um mundo em que jornais e revistas impressos estão em vias de extinção?
Rafael Sento-Sé: As recentes mudanças também abriram um universo de novas possibilidades. O desafio é mapear e manter atualizada uma base de contatos num cenário em que o emissor da mensagem está disperso e fragmentado. Sobre os meios tradicionais, eles ainda têm capacidade de fazer barulho quando determinada matéria ganha chamada nas redes sociais dos grandes jornais e revistas, que, normalmente, contam com bom alcance.
Quais são os novos canais para a divulgação de livros?
R: Os programas de podcasts, as newsletters, as redes sociais e os influenciadores. Por conta do algoritmo, os novos canais podem ter trajetórias meteóricas, mas é difícil manter a relevância por muito tempo.
Em uma grande editora como o Grupo Editorial Record, vocês consideram as suas redes sociais um canal relevante para a divulgação dos lançamentos?
R: Claro, mas é preciso criar um conteúdo interessante e alinhado a uma estratégia mais ampla que inclua outros meios. Na Record, temos trabalhado com o departamento de Marketing nesse sentido.
A crítica literária, outrora publicada em jornais, ainda tem importância? Para onde ela migrou? As pessoas leem? Uma crítica positiva pode influenciar alguém a comprar um determinado livro?
R: A crítica literária nos jornais e revistas nunca vai perder o seu papel porque a fragmentação do processo de comunicação também resulta num volume de informação descomunal. As pessoas precisam de uma curadoria, buscam por ela numa fonte confiável e poderão encontrá-la num jornal, numa revista e também nos novos canais. A questão é que o algoritmo acaba reforçando os nossos próprios gostos pessoais.
Autores frequentemente esperam que, ao serem publicados por uma grande editora, terão direito a assessoria de imprensa e a um projeto de marketing que irá “lançá-los” no mundo dos livros. Quanto disso é realidade, quanto é sonho?
R: Os trabalhos da imprensa e do marketing são o de garantir que o livro será bem comunicado, que os jornalistas e formadores de opinião, por exemplo, saberão que o determinado livro está sendo lançado, que os livreiros saibam e que o leitor, no fim das contas, saiba. Como as grandes editoras têm um processo consolidado e um contato muito frequente com todos estes atores, com certeza esse trabalho é uma realidade e, quando conta com o entusiasmo do autor, isso ajuda bastante. Não é garantia, no entanto, que se tornará um bestseller ou que ele vá conseguir uma entrevista no Bial.
Uma grande editora publica, todo mês, grande quantidade de livros. Quanto tempo, em realidade, dura o esforço de divulgação de um livro?
R: As editoras publicam muitos livros, mas contam com uma estrutura maior também e acabamos divulgando livros que têm temas afins. Um pode acabar puxando o outro, alguns livros pegam uma boa onda, e ela pode impulsionar o trabalho. Então, falar num prazo é complexo porque pode variar muito.
O que as editoras esperam dos autores, quando se trata da divulgação de seus livros? É preciso ser autor(a) “combativo”? Trabalhar pelo seu livro? Como?
R: Sim, é imprescindível que o autor se envolva, pois ele conhece bem o seu público, tem esse contato mais direto com o leitor, seja nos eventos presenciais ou nas redes sociais.
Qual é o aspecto mais prazeroso da sua profissão? E o mais desafiador?
R: O convívio com os autores e o contato com obras tão espetaculares é muito gratificante, é algo único do assessor de imprensa no mercado editorial. Ter convivido e acompanhado a Nélida Piñon de tão perto, por exemplo, foi uma experiência única, inspiradora. No caso do Grupo Editorial Record há ainda uma variedade de assuntos sobre os quais aprendemos mais. Essa mesma proximidade também impõe desafios porque cada autor é diferente do outro, tem personalidades e formas de lidar que variam. Mas é sempre prazeroso conseguir contribuir com tantos projetos que são frutos da dedicação dos autores e que são muitas vezes o sonho de uma vida toda.
Rafael Sento-Sé é carioca e, desde 2018, é gerente de imprensa do Grupo Editorial Record, a maior editora de capital 100% nacional do Brasil. Foi repórter da revista Domingo (Jornal do Brasil) e colunista da revista Veja Rio. Foi assessor da Secretaria Municipal de Cultura do Rio de Janeiro e do Ministério da Cultura do Brasil. Estreia como autor em 2025 com o perfil biográfico da poeta francesa Jane Catulle Mendès.
Trauma: da pele ao papel
Clearblue, para quem não sabe, é o nome de um popular teste de gravidez. Quatro vezes a escritora Cristina Parga, autora de “Clearblue blues” (Ed. Urutau), engravidou, mas apenas uma gestação foi adiante, e nasceu Catarina. Os outros três bebês “não vingaram”, como diziam os antigos. Na live “Trauma: da pele ao papel”, no canal da Oasys no YouTube, a autora e a psicanalista Joana Vilhena de Novaes, que assina o prefácio, conversam sobre perdas gestacionais e literatura. Mediação: Valéria Martins. Dia 2 de julho, terça-feira, 20h.
Oportunidade para escritores de Literatura Infantil (0 a 6 anos)
Está em vigor o Programa Nacional do Livro Didático (PNLD) Literário de 2026, voltado para o segmento de Educação Infantil – 0 a 6 anos. Ter um livro selecionado por esse programa, é uma das poucas maneiras de se ganhar dinheiro $$$ com livros no Brasil. Traga seus originais para serem avaliados em uma consulta com a agente literária. Escreva para oasyscontato@gmail.com e explique seu projeto. Retornaremos com as condições da consulta.
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Até a próxima!
Com carinho,
Valéria Martins | Agente Literária da Oasys Cultural