Capa e projeto gráfico
A sutil arte de transmitir o espírito de um livro | Série Como se faz um livro
O designer gráfico é o profissional responsável por criar a capa e o projeto gráfico de um livro. Lembrando que “a capa é o primeiro – e talvez único – instrumento de marketing de um livro” – tema de newsletter do dia 23 de maio de 2023.
O projeto gráfico é a disposição do texto nas páginas, a escolha da tipologia, estabelecer as margens – tudo para criar um bonito objeto-livro e facilitar a leitura. Mas o maior desafio é traduzir a alma do livro. Criar uma arte de um jeito que qualquer pessoa vá “bater o olho” e “entender” do que trata aquele livro.
Oasys Cultural convidou a designer gráfica Luiza Chamma para contar como funciona seu trabalho. Ela é a autora da capa de “O lugar das palavras” (Ed. 7Letras), livro de contos da agente literária Valéria Martins. É formada em design e ilustração pela PUC-Rio com mestrado em Design Gráfico na London College of Communication (University of the Arts London). Mantém o site www.luizachamma.com e o instagram @luiza_chamma.
O que é o projeto gráfico de um livro? O que isso envolve?
Luiza Chamma: O projeto gráfico define as características visuais e gráficas do livro como um todo: capa e miolo (parte interna). Envolve a definição da tipografia e hierarquia dos títulos e subtítulos, paleta de cor, elementos visuais, tratamento de imagens e/ou ilustrações, especificações para impressão (formato, papel, acabamento).
Isso significa que a capa e o projeto gráfico devem dialogar com o conteúdo do livro? De alguma forma transmitir a ideia deste conteúdo?
L: Sim. A capa e o projeto gráfico são o primeiro contato do público com a obra, o objetivo é que através desses elementos visuais, o leitor consiga entender rapidamente sobre o que versa aquele livro, sendo assim um entendimento mais sensorial da obra.
Quem faz a capa do livro necessariamente é a mesma pessoa que faz o projeto gráfico?
L: Não, mas é importante que esses dois profissionais estejam em sintonia.
O que você considera que seja um projeto gráfico bom, eficiente? Arte/beleza é sempre sinônimo de eficiência, no que diz respeito à boa leitura de um livro?
L: Ao criar um projeto gráfico acho importante ler o livro, conversar com autor(a) e editor(a) para entender bem a temática e o público, e a partir daí definir a linguagem visual do projeto. De forma geral considero importante ter um projeto belo, harmônico e funcional, com boa legibilidade; no entanto, dependendo do tema do livro, às vezes o “ruído visual” e algum incômodo durante a leitura podem até ser uma ferramenta utilizada pelo designer como forma de transmitir o “espírito” daquele livro.
O que uma pessoa encarregada de fazer capas e projetos gráficos deve saber, ou deve ter como especialização, para desempenhar bem esta função?
L: O profissional que normalmente se encarrega de capa e projeto gráfico é o designer. Existem cursos de graduação e técnicos para formar designers. Além de ter conhecimento entendimento sobre tipografia, diagramação, composição, produção gráfica, é recomendável que essa pessoa seja interessada e curiosa a respeito do que está ao seu redor e buscar sempre enriquecer seu repertório visual e sensível com experiências de vida, livros, filmes, museus, música...
Quais são as qualidades desejáveis na capa de um livro para que possa ser um auxílio à venda desse livro?
L: A capa precisa transmitir a ideia do livro, convidar o leitor, mas não existe uma regra definida pois vai variar bastante de projeto a projeto. Alguns livros pedem uma capa mais discreta, minimalista, com cores suaves; outros precisam causar impacto visual e requerem cores fortes e contraste.
Por favor, indique algumas capas de livros que considere boas/eficientes.
L: A coleção de clássicos da Penguin, desenvolvido pela designer Coralie Bickford-Smith, é um projeto impecável.
Como é o mercado de trabalho para o designer editorial e como é possível ingressar nele?
L: O mercado editorial vem se transformando e crescendo com o surgimento dos formatos digitais e plataformas online de autopublicação. Para ingressar nesse mercado, considero importante buscar a formação na área de design gráfico, preparar um bom portfolio (mesmo que contenham apenas projetos pessoais) e ficar atento às oportunidades de vagas nas editoras que você mais admira e se identifica.
Acredita que o desenvolvimento e o aperfeiçoamento da inteligência artificial pode impactar o design de capa e projeto gráfico de livros? Como?
L: Esta é uma questão complexa. Há muitos debates. Um deles é sobre direito autoral, pois o robô gera imagens baseadas em outras que já foram criadas por artistas e estão disponíveis na internet. Então, alguns argumentam que imagens geradas pela IA não tem originalidade. Outros defendem que é possível criar algo original combinando diferentes conhecimentos técnicos e teóricos.
Usada com cuidado e ética, essa ferramenta pode ajudar os designers no processo de criação, mas também, por ser algo tão imediato e acelerar demais os processos, ela pode reduzir a riqueza da experimentação.
Outra questão seria o desemprego que a IA pode causar, mas acredito que o olhar do designer será sempre importante para o bom andamento de um projeto, pois, em teoria, ele é o detentor da sensibilidade estética e do conhecimento, então, sabe o que é ou não adequado a cada trabalho.
Meu livro ficou pronto, e agora?
Se você terminou de escrever um livro, fez todos os ajustes e o considera pronto, é melhor consultar uma profissional do mercado editorial para seguir no caminho certo e evitar “furadas”. A maneira de chegar à Oasys Cultural é marcar uma consulta com a agente literária Valéria Martins, para ela poder ouvi-lo(a) com calma, analisar seu(s) original(is), entender suas demandas e expectativas e, com base nisso, inteirá-lo(a) do mercado editorial brasileiro e criar um plano de trabalho para alcançar ou se aproximar dos seus objetivos. Escreva para oasyscontato@gmail.com e explique seu projeto. Retornaremos com mais informações.
Prêmio Minuano de Literatura
Para levantar a moral dos escritores gaúchos, após a tragédia sócio-ambiental no estado, a Secretaria de Estado da Cultura do Rio Grande do Sul lançou o Prêmio Minuano de Literatura de 2024, voltado para valorizar e promover a literatura sul-rio-grandense. Podem concorrer livros publicados em primeira edição nos anos de 2022 e 2023 de escritores nascidos ou residentes no Rio Grande do Sul. Prazo: 24 de julho. Leia o edital.
Saia de casa e vá aos eventos literários
Ir aos eventos literários é trabalho de todo escritor ou escritora. A gente nunca volta para casa de “mãos abanando”. Conhece gente, alarga o network, vive o mundo dos livros ao vivo e a cores. Vem aí três lindos eventos. Programe-se e vá!
A Feira do Livro
Realizada pela Revista QuatroCincoUm – A revista dos livros, a feira acontece de 29 de junho a 7 de Julho na Praça Charles Müller, Pacaembu (São Paulo/SP). Acompanhe os preparativos e saiba os autores confirmados no Instagram.
Bienal Internacional do Livro de São Paulo
De 6 a 15 de setembro, no Distrito Anhembi (São Paulo/SP), acontece a maior (em termos de tamanho) festa dos livros do Brasil. É indicada aos autores do gênero Entretenimento, principalmente. Informações aqui.
Festa Literária Internacional de Paraty/FLIP
Paraty, cidade histórica ultra-charmosa no litoral sul do Rio de Janeiro, recebe todos os anos a FLIP. Grandes nomes da literatura mundial já participaram, entre eles, vários ganhadores do Prêmio Nobel de Literatura. Esse ano as datas são 9 a 13 de outubro. Siga a Flip no Instagram.
Escritores da Oasys
Conheça Otto Winck
Até a próxima!
Com carinho,
Valéria Martins | Agente Literária da Oasys Cultural
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